algo que sempre detestei foi que insistissem nas coisas ou que fossem pessoas falsas e manipuladoras comigo. isso e que pessoas do meu passado se finjam de interessadas em mim e nos meus problemas, quando a verdade é que nunca se importaram comigo quando me tiveram do seu lado. ainda assim, por vezes dou novas hipóteses a quem pouco fez por as merecer apenas devido ao grande carinho que mantenho por elas; ou talvez seja apenas por descargo de consciência. afinal de contas, quem não gostaria de poder dizer que está de consciência tranquila relativamente aos seus próprios actos e que não se arrepende daquilo que fez porque, afinal de contas, ao menos tentou? sei que pelo menos eu gostaria. devido a isso sujeito-me ocasionalmente a ser espezinhada por quem me promete mundos e fundos e nem uma migalha chega a dar.
não tenho escrito nada, é verdade. falta-me a inspiração menos que a vontade, digo-vos. a verdade é que tenho-me vindo a sentir como que numa maré de azar, fora as pressões exteriores a isso: aquelas dos assuntos que já não deveriam de interessar peva ao coração e as dos assuntos do quotidiano, que são as típicas do final (ou do que já o deveria ser mas não é) de uma etapa de vida, que é o ensino secundário.
em primeiro lugar, digo que acho que a morte de um familiar é sempre algo complicado, por mais que não sejamos propriamente próximos da pessoa em questão e consequentemente - isto dito de uma forma nua e crua, que me faz até achar-me um pouco ou tanto insensível - não liguemos muito a isso.. porque a verdade é que por vezes esquecemos-nos que há quem o seja, há quem se importe e se deixe afectar por tal acontecimento. e esse alguém é-nos próximo; bastante próximo. mas sempre me aconselharam a ver o lado positivo das coisas, e por mais que esta tenha sido a rara excepção em que me consegui levar a fazê-lo, vejo que foi o momento em que consegui sentir-me mais próxima do meu pai em toda a minha vida; ou pelo menos desde o pouco que me lembro dos primeiros anos de vida. (gostava de deixar registado o facto de alegarem que o meu pai é bastante parecido com o charlie sheen, sendo isto um mero à parte para aliviar o ambiente)
pesam-me também na consciência os erros do passado e o medo do futuro incerto. afinal de contas detesto apegar-me às pessoas mas, inevitavelmente, sinto que talvez o tenha vindo a fazer mais - e mais facilmente - talvez devido a um certo sentimento de «vazio» e a saudade de ter quem esteja do meu lado e me dê o carinho que tanto gosto teria em retribuir.. mas é errado apegar-me seja a quem for por motivos de mera insegurança e não gosto disso. acho que por isso tento manter-me afastada das pessoas, para não magoar ninguém, seja a mim ou a outro.
numa nota mais recente, tive o meu baile de finalistas; recebi o meu diploma.. e no entanto morro um pouco por dentro quando sei que não foi merecido e que isto ainda não foi o fim; tenho mais um ano pela frente.
não é que seja o facto de ter uma disciplina incompleta aquilo que me incomoda - tenho a noção que não sou de certeza a única nesta situação - mas sim aquilo que sei que vou sentir: o abandono (por mais que não seja intencional pela parte de alguns) e a solidão, ver todos os que comigo partilharam estes últimos 3 anos ou mais seguirem em frente com as suas vidas e entrarem numa nova etapa (da qual eu não farei parte) enquanto que eu por aqui me fico; retida.. de novo, numa nota mais positiva, restabeleci contacto com alguém que, em determinada altura, foi apenas um mero passageiro na minha vida; a verdade é que me soube bem desabafar momentaneamente com alguém que já havia estado no meu lugar e que, como tal, percebe o que sinto neste momento.. agradeço-lhe por isso, por mais que ele não leia isto e portanto nunca o saiba.
dói. já aqui estive mil e uma vezes (e mais mil e uma estarei, certamente) mas continua a doer; dói demasiado. o afastamento contínuo, as noites mal dormidas mergulhadas nos mais tristes pensamentos e as mais que infinitas lágrimas.. dói ver-te largar-me a mão - aquela que esteve do teu lado desde o primeiro dia - apenas para agarrares naquela que te esperava mais à frente: outra mão que não a minha.
digamos que o ano começou da melhor forma possível: de coração bem aconchegado. e porquê, questionam-se? é, aqui está ele de novo: o clique imediato entre dois meros desconhecidos; mas é mais forte agora. e a culpa disso é tua 'r', deste estranho, inesperado, assustador, repentino e, no entanto, acolhedor sentimento que se apodera de mim e de ti e que nos deixa este... "nós". ♥ não consigo deixar de reparar na forma como ele se dedica a mim e na confiança que me transmite, por mais que disso não se aperceba. mostra-me ter o interior mais doce que alguma vez conheci e admiro a forma como se preocupa com quem lhe é próximo e como me deixa entrar na sua vida, ao partilhar comigo as suas preocupações como quem procura um ombro amigo; aquele apoio incondicional...
"conheci-te, r."
apareceu de um dia para o outro, e logo ali me vi rodeada daquela incrível sensação de quem conhece alguém de trás para a frente e vice versa. deu-me completamente a volta à cabeça, nunca havia conhecido alguém como ele... no entanto, como referi, é um sentimento, ou uma situação, bastante assustadora. é-me, como antes, difícil saber aquilo que devo pensar, ou aquilo que devo fazer com um sentimento tão inesperado e arrebatador como este. nunca senti o coração tão quente e aconchegado como do jeito em que ele o faz, quase sem esforço. apenas porque... é assim que ele é.
r.
"e logo ali eu sei, (que) tudo o que eu te dou, tu me dás a mim, tudo o que eu sonhei, tu serás assim."
mas as dúvidas são grandes, e o medo ainda maior; o medo de me atirar de cabeça e ver-me envolvida numa grande queda, completamente desamparada. pois, por mais que ele o diga, que se sente tão bem quanto eu; que lhe dei a volta à cabeça, é-me difícil acreditar plenamente nisso. quem quero eu enganar? talvez seja bom de mais para ser verdade... edit (15-jan.-2013): e não é que tinha razão?