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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

amo-te.

sei o que é ter um pai ausente. sei. sei e não gosto. aliás, acho que ninguém gosta.
cada vez que os meus pensamentos vagueiam, recaindo sobre este assunto, eu choro. e este momento - este hoje; este agora - não é excepção alguma.

durante parte da minha infância esteve ausente. o trabalho, isso lhe exigia. e eu compreendo, acreditem que compreendo. mas não é isso que o torna mais fácil de aceitar. não é. foi devido a essa ausência que me apercebi que (quase) não tenho recordações de infância. não com ele. e a partir daquelas que tenho, me apercebo de que foram sempre partilhadas. eu nunca o tive para mim. só mesmo para mim


(as lágrimas correm-me com mais força).

talvez seja por isso que hoje sou como sou. talvez seja por isso que hoje procuro carinho; afecto - aquele que me devias ter sido tu a dar - onde não devo ou onde nunca o encontrarei. talvez seja por isso que hoje faço as coisas que faço, e digo as coisas que digo. talvez seja por isso que hoje não sou a filha que ele idealizou.
talvez (...)

mas hoje, seja por que razão for, eu perdoo-o. quem sabe, talvez seja pelo simples facto de todas as dores de cabeça que lhe causei - e ainda causo - se equipararem ao sofrimento; à mágoa que a sua ausência me proporcionou. por essa(s), e possivelmente por outras,
(...) perdoo-o.

  pai? eu amo-te

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